Ilhas de Arte Contemporânea do Japão – Costumamos dizer que o Japão é um país que alia uma cultura milenar a tecnologias de última geração, que se harmonizam de forma perfeita. Um país que faz questão de manter e viver as suas tradições e que, ao mesmo tempo, investe pesado em design, arquitetura e tecnologia.
Um povo que valoriza e respeita o coletivo e que possui um olhar sensível e especial para o outro. É nos detalhes que o Japão nos surpreende. Acompanhe a leitura para conhecer todos os segredos deste local da arquitetura e cultura japonesa que pode proporcionar a você experiências exclusivas e encantadoras!
Naoshima, Teshima e Inujima
Essas são as ilhas museus que abrigam obras e instalações contemporâneas dos maiores e mais consagrados artistas, arquitetos e designers do mundo. Assim, para os amantes da arte, da arquitetura e do design, contar com um roteiro personalizado que inclua as Ilhas de Arte Contemporânea do Japão de Naoshima, Teshima e Inujima é uma experiência imperdível. A sugestão é ficar por lá por, pelo menos, uma noite (o ideal seriam duas noites).
Portanto, com o intuito de desenvolver as comunidades locais, essas ilhas foram transformadas em verdadeiros museus a céu aberto, em que a simplicidade da população local se mistura e se harmoniza com a arte contemporânea, com as instalações e construções dos maiores e mais consagrados artistas, arquitetos e designers do mundo.
A Experiência. O Contraste. A Paisagem.
Imagine explorar essas ilhas de difícil acesso, com uma vista incrível para o Mar Interior de Seto, e, de repente e do nada, avistar uma intrigante casinha de paredes escuras, que destoa do restante das casinhas de madeira da região, cujo arquiteto é o famoso Tadao Ando, conhecido como um dos maiores arquitetos japoneses de todos os tempos e, dentro dela, poder experimentar a instalação de autoria do norte-americano James Turrell — um mestre, quando o assunto é luz e espaço.
Além de obras de Ando e Turrell, você encontrará trabalhos de Hiroshi Sugimoto, Yayoi Kusama, Rei Naito, Ryue Nishizawa (SANAA), Christian Boltanski e até de Claude Monet (neste caso, destoando um pouco da linha contemporânea, mas não deixando de ser interessante e surpreendente) — só para citar alguns. Assim, o requinte artístico/sensorial ofertado por um passeio nas ilhas contrasta com a simplicidade dos modestos cafés e vilarejos da região.
Rotas de acesso e de tempo de permanência
As ilhas ficam fora do circuito turístico tradicional do Japão e, para chegar lá, a rota mais comum é ir de trem-bala até Okayama e, de lá, pegar um trem local até UNO, onde se embarca nas balsas para Teshima e Naoshima. Logo, pelo menos um dia em Naoshima e mais um dia em Teshima são necessários para ver o básico. Já Inujima é menor e se pode conhecer em apenas uma manhã ou tarde.
Acomodações nas Ilhas de Arte Contemporânea do Japão
Das três ilhas do complexo Benesse, Naoshima é a que tem mais infraestrutura, em termos de acomodação. É possível ficar em um dos hotéis projetados por Tadao Ando ou em pousadas instaladas em casas tradicionais, operadas por locais. Os hotéis de design e luxo estão na área Benesse, e se hospedar em um desses hotéis vale super a pena. São quatro as opções, como você vê, a seguir!
Benesse House Museum
Localizado dentro do museu, este hotel permite que você fique mais próximo das obras de arte. Desenhos, pinturas, gravuras e outras obras dos artistas da coleção estão em exibição em cada um dos quatro estilos diferentes de quartos. A arquitetura é ampla e aberta, permitindo que você sinta a natureza ao seu redor, mesmo dentro de casa.
Benesse House Oval
Em uma colina e acessível por monotrilho do museu, esse espaço tem apenas seis quartos, apresentando uma fusão da beleza natural de Setouchi com a arquitetura de Ando. Além disso, vastas janelas do chão ao teto nos quartos oferecem uma vista deslumbrante do Mar Interior, e a decoração das paredes de alguns quartos recebe desenhos criados pelos artistas.
Benesse House Parque
Construída em uma encosta suave e cercada pela beleza natural de Setouchi, essa é uma das raras construções de madeira projetadas por Ando. As varandas dos quartos têm vista para o gramado verde exuberante, pontilhado com obras de arte ao ar livre até o Mar Interior, com as montanhas de Shikoku, se destacando contra o céu azul na outra margem. No interior, encontram-se espaços de arte criados pelos artistas, um salão exclusivo para os hóspedes do Park, o Restaurante Terrace 海 の 星 (Umi no Hoshi) Etoile de la mer, lojas e o Park Hall, com capacidade para 120 pessoas, no caso de se pretender organizar algum evento.
Benesse House Praia
Localizadas a poucos passos da costa, essas acomodações são as mais próximas da praia na Benesse House, apenas com quartos em estilo suíte. Cercadas pelo som das ondas batendo suavemente, as linhas de visão dos quartos combinam com a superfície do Mar Interior, criando a impressão de que você está flutuando no mar. Estes quartos espaçosos e arejados são perfeitos para famílias.
Acesso a áreas restritas do complexo
Além de desfrutar de instalações maravilhosas, os hóspedes de qualquer dos hotéis do Benesse Complex têm algumas regalias, como acesso a áreas restritas do complexo e a um serviço exclusivo de shuttle, que percorre as principais atrações do entorno. A ideia do projeto da Benesse House foi “coexistir natureza, arte e arquitetura”.
Culinária e cultura se misturam
Obras de arte contemporânea se integram à paisagem e às vistas do mar. O jantar no estilo kaiseki do restaurante Issen, que fica no Benesse House Museum, é maravilhoso, em termos de apresentação e sabor. No mais, um jantar ao lado de quadros de Andy Warhol e apreciando o belíssimo pôr-do-sol, com uma vista incrível, poderá ser uma das grandes experiências da sua vida.
Pousadas em estilo japonês
Mas, na falta de disponibilidade de quartos — já que é necessário fazer a reserva nestes hotéis com bastante antecedência — as pousadas de estilo japonês, chamadas de minshuku, podem ser uma ótima saída. Elas estão localizadas em Miyanoura e em Honmura. Entre as duas áreas, sugerimos a última: mais charmosa e com opções de cafés, além de ser a região do Art House Project.
Ambientes do interior do navio GUNTÛ
Uma outra alternativa de hospedagem para se visitar as ilhas seria embarcando no GUNTÛ. Ele oferece experiências tradicionais de um Ryokan, enquanto se navega pelas águas do Mar Interior de Seto. O elegante projeto minimalista assinado pelo arquiteto japonês Yasushi Horibe utiliza, com perfeição, 11 tipos de madeira japonesa e bambu para criar os ambientes do interior do navio com apenas 19 suítes, cujo motor é impulsionado pela energia solar, ou seja, sem barulho.
Mimos e experiências exclusivas
A gastronomia é espetacular, os mimos no onsen e nos banheiros são da famosa e exclusiva marca japonesa Three e as experiências ofertadas incluem visita guiada às ilhas de Naoshima e Inujima. Além disso, há a ilha de Tomoura, famosa por abrigar casas do período Edo intactas. De lá, tem-se uma belíssima vista da Great Seto Bridge — a maior ponte de dois andares do mundo, com 13 km de extensão e que liga Okayama à Shikoku.
Meios de transporte para chegar aos principais locais das ilhas
Tanto em Naoshima quanto em Teshima, é possível circular com a linha de ônibus local ou de bicicleta. Se for de bike, a dica é optar por um modelo elétrico, já que as ilhas não são planas e pode ser cansativo para os menos preparados. Além dessas opções, pela área do complexo Benesse, em Naoshima, circula um serviço de shuttle que complementa o trajeto do ônibus. Já em Inujima, é possível fazer tudo a pé.
Obras e instalações obrigatórias no roteiro de arquitetura e cultura japonesa
Apesar da relação única e muito particular que cada pessoa estabelece com a arte, sugerimos algumas obras e instalações que você precisa conhecer, ao visitar as Ilhas de Arte Contemporânea do Japão.
Naoshima
Chichu Art Museum
Para conhecer o Chichu Art Museum, é preciso comprar ingressos com antecedência. Projetado por Tadao Ando, a maior parte desse museu foi construída debaixo da terra! A escolha de fazer o museu parcialmente subterrâneo foi para interferir, o mínimo possível, na natureza e evitar danificar o belo cenário natural da ilha.
Além disso, o intuito foi fazer com que a luz que entra mude a aparência das obras e do próprio prédio no decorrer do dia e nas diferentes estações do ano. Sensacional! No Chichu, há obras de Claude Monet, Walter de Maria e James Turell, no acervo permanente. E, no caminho entre o edifício — onde você pega os seus tickets — e o edifício do museu, está o Chichu Garden: um jardim inspirado nas obras de Monet, que te ajudam a entrar no clima do que será visto lá dentro.
Minami Dera e as casinhas de Honmura – Art House Project e Ando Museum
Algumas antigas casas japonesas de madeira do vilarejo de Honmura foram restauradas e transformadas em instalações artísticas. Talentosos nomes japoneses e de outras partes do mundo deram vida a casas que estavam abandonadas e vazias — algumas com mais de 400 anos! — e levaram movimento ao vilarejo, que hoje tem vários cafés e restaurantes fofos, onde vale a pena almoçar.
Você compra seu ticket na lojinha Honmura Lounge e Archive, sendo que ele, na verdade, é um panfleto com o mapa e os espaços para carimbar na frente de cada instalação, a cada vez que você visitá-las. Todas são bem acessíveis, caminhando, e a Minamidera é a mais concorrida — com reserva e até fila de espera.
A experiência de andar pelo bairro e entrar nas instalações é imperdível! O Ando Museu é dedicado ao arquiteto Tadao Ando, que, basicamente, projetou toda a ilha de Naoshima. Ele fica no mesmo vilarejo que o Art House Project, em Honmura.
Abóbora Gigante da Yayoi Kusaman
É claro que em Naoshima não poderiam faltar as famosas esculturas de abóbora da artista plástica japonesa Yayoi Kusama. E, na ilha, não há apenas uma abóbora gigante, mas sim DUAS! Uma está localizada perto do Benesse House e é amarela, já a outra fica ao lado do porto, sendo que tem outro formato e é vermelha.
A obsessão da artista por bolinhas e abóboras é resultado de distúrbios psicológicos causados por conta de uma infância complicada no Japão. Após canalizar os seus problemas para a arte, hoje Yayoi Kusama é a artista mais famosa do Japão e um dos grandes nomes da arte contemporânea do mundo, com obras, inclusive, aqui no Inhotim.
Obras de arte a céu aberto e banho medicinal
Na ilha inteira, há esculturas ou instalações artísticas. Só no entorno do Benesse House, há mais de 20 trabalhos a céu aberto para você conhecer. Explore o mapa e procure as esculturas na frente do Park, na pontinha da ilha e em outras áreas. Um deles — número 17 do mapa — é chamado de “Cultural Melting Bath”. Aos domingos os hóspedes do Benesse House podem reservar um banho com ervas medicinais, que acontece num ofurô a céu aberto!
Teshima
Museu de Arte de Teshima
A principal atração em Teshima é o Museu de Arte de Teshima, uma das obras de arte contemporâneas mais intrigantes do Japão. Situada entre campos de arroz em socalcos, a estrutura simples de concreto estimula os sentidos dos visitantes com o jogo das gotas de água em uma superfície de concreto. Várias outras obras de arte estão espalhadas pelas três vilas de pescadores da ilha.
Les Archives du Coeur
Outra obra de arte permanente na ilha é Les Archives du Coeur (“Arquivos do coração”), localizada em um pequeno prédio ao longo da praia na periferia leste de Karato. É um dos vários locais em todo o mundo onde os visitantes podem fazer gravações de seus batimentos cardíacos e ouvir os batimentos cardíacos gravados de outras pessoas, em um ambiente ligeiramente assustador. O mesmo artista francês, Christian Boltanski, também criou A Última Classe na Trienal de Arte Echigo Tsumari.
Shima Kitchen em Karato
As opções de restaurantes, compras e hospedagem são limitadas em Teshima. Mas, observe que uma obra de arte — a Shima Kitchen em Karato — também serve como restaurante e oferece comida japonesa preparada com ingredientes Setouchi locais em casa tradicional japonesa. O local, em si, era uma casa folclórica antiga, mas agora foi transformada em um restaurante com belas varandas de madeira. Ele foi projetado pelo arquiteto Ryo Abe e tem menu com curadoria de um chef do Marunouchi Hotel em Tóquio.
O Teshima No Mado fica bem ao lado da Teshima Yokoo House, sendo que você pode encontrar refeições simples e café no restaurante repleto de móveis retrô e design.
Inujima
Setouchi Triennale
Inujima (犬 島, literalmente: “ilha do cachorro”) é uma pequena ilha ao largo de Okayama, no Mar Interior de Seto, que leva o nome de uma grande rocha que lembra um cachorro sentado. Além das instalações contemporâneas, em Inujima acontece o festival de arte moderna Setouchi Triennale. Devido ao seu pequeno tamanho, a pacífica ilha pode ser explorada inteiramente a pé.
Antes de se voltar para a arte moderna, Inujima era, principalmente, um local industrial. Durante a era feudal, produziu blocos de granito para a construção de castelos e, no início do século XX, uma refinaria de cobre deveria trazer prosperidade e gente para a ilha. No entanto, os preços do cobre despencaram dez anos após a abertura da refinaria. Isso levou ao seu fechamento prematuro e uma queda na população da ilha.
A refinaria não foi demolida após o seu encerramento e, apesar de estar encerrada há quase um século, as suas ruínas ainda caracterizam a paisagem de Inujima. Designadas como “patrimônio da modernização industrial”, as ruínas — com suas paredes de tijolos expostos, usinas de energia crescidas e chaminés em ruínas —, agora podem ser exploradas pelos turistas.
Museu de Arte Inujima Seirensho
Em 2008, as ruínas da refinaria foram convertidas no Museu de Arte Inujima Seirensho (“seirensho” significa “refinaria” em japonês), que foram incorporadas por uma galeria de arte. A galeria está localizada, principalmente, no subsolo e usa materiais locais, como granito e tijolos descartados da refinaria. Entre o pequeno número de obras de arte em exibição, está um intrigante túnel de espelhos e uma homenagem ao falecido romancista Mishima Yukio. Ele consiste em peças da antiga residência de Mishima suspensas no ar.
Inujima Art House Project
Uma pequena aldeia rural ocupa o resto de Inujima, onde vivem cerca de cem pessoas. Espalhadas pela pequena e pacífica aldeia, estão as cinco galerias do Inujima Art House Project, que foram construídas para festivais de arte anteriores e se tornaram atrações permanentes na ilha. Você pode explorar todos eles em uma agradável caminhada, de uma a duas horas, pelas ruas estreitas da vila.
As opções de restaurantes, compras e hospedagem são muito limitadas na ilha. É possível encontrar alguns pequenos restaurantes nas proximidades do porto, incluindo um café dentro do Inujima Ticket Center. O Museu de Arte Seirensho também tem um café em seu terreno, mas, às vezes, fecha fora do verão.
Como vimos, as maravilhas da arquitetura e cultura japonesa nas Ilhas de Arte Contemporânea do Japão são realmente encantadoras e diferenciadas. Além das belas e singulares regiões, existem também as instalações, construções, restaurantes, cafés e hotéis que tornam essa uma viagem obrigatória para quem quer ter o melhor em experiências exclusivas.
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