Um dos maiores museus arqueológicos do mundo ao ar livre, localizado na parte ocidental da Ásia menor, na região de Anatólia, próximo ao Mar Egeu, a cidade de Éfeso foi construída por volta de 1000 a.C. pelos gregos. As escavações na região onde se localiza a cidade começaram há 100 anos e, segundo arqueólogos, apenas 25% foram redescobertos.
Foi no período de domínio grego, em Éfeso, a construção do Templo de Ártemis, a deusa grega, denominada de Diana pelos romanos, a protetora dos bosques, da caça e dos animais selvagens. O monumento foi uma das sete maravilhas do mundo antigo e se tornou centro de veneração à deusa. Era composto por 127 colunas de mármore dispostas em filas duplas, todas decoradas com obras de arte, tendo cada uma 20 metros de altura. Tinha 138 metros de comprimento e 71,5 metros de largura.
No seu interior, a estátua de Ártemis em ébano, ouro, prata e pedra era venerada pelos habitantes da região.
Do monumento, que levou 200 anos para ser erguido, resta hoje apenas uma única coluna, que resistiu às invasões, saques e terremotos ao longo dos tempos. Mesmo assim, o local é um dos mais visitados de Éfeso.
Mas foi foi em 129 a.C., sob o comando do Império Romano, que Éfeso conheceu seu apogeu, perdendo em importância apenas para Roma. Estima-se que a cidade chegou a ter 400 mil habitantes, formada por intelectuais, mercadores, pessoas de grandes posses e escravos. Seu comércio fervilhava e era um dos mais importantes centros comerciais da época, graças principalmente à sua localização estratégica: pelo mar estava ligada à Roma e por terra com grande parte da Ásia.
A prosperidade econômica de Éfeso possibilitou a construção de várias edificações memoráveis. Suas ruas pavimentadas com mármore nos levam a monumentos grandiosos, que merecem ser destacados, como é o caso da Biblioteca de Celso (Governador romano), uma das edificações mais conservadas do sítio arqueológico. Foi a terceira mais importante biblioteca do mundo antigo, ficando atrás apenas das bibliotecas de Alexandria, no Egito, e de Pergamo, na Grécia. Chegou a ter mais de 12 mil rolos de manuscritos.
Seu interior, como era comum em Éfeso, era pavimentado em mármore.
Em sua fachada, encontram-se as estátuas de quatro deusas: Sophia, que representa a sabedoria; Episteme, o conhecimento; Ennoia, a inteligência, e, por último, Arete, representando a bravura. Segundo historiadores, essas seriam as virtudes de Celso durante sua vida. As ruínas da biblioteca são uma representação clara do estilo arquitetônico dos romanos nos primeiros séculos.
Éfeso também ficou famosa pelo seu grande estádio, com capacidade para 25 mil pessoas, três andares e 18 metros de altura. O espaço era usado para eventos de música, cerimônias religiosas, discussões sobre questões da cidade, jogos e luta de animais com gladiadores (um grande cemitério desses lutadores foi encontrado na cidade). Também foi palco das pregações do apóstolo Paulo, que viveu na cidade difundindo o cristianismo. No início, os ensinamentos do apóstolo de Cristo não tiveram muita aceitação pela população local, o que só ocorreu depois de ‘batalhas’ incansáveis.
A edificação chegou a ser destruída por cristãos em vingança aos sofrimentos ocorridos no local na Era Romana. Muitos cristãos eram obrigados a lutar com animais na arena. Além do estádio, existia o Teatro Odeon, com capacidade para 1.500 pessoas, cenário de atrações musicais e principalmente discussões de questões políticas da cidade – Servia como Parlamento.
Há em Éfeso o Templo de Adriano, construído em homenagem à visita do imperador romano à cidade. O monumento também se encontra em bom estado de conservação.
O templo está situado na Rua Curetes. A mais famosa avenida da cidade, com 650 metros e pavimentada com mármore. Além de unir a parte administrativa e política com a parte pública, era famosa pelo grande número de lojas, onde os ricos faziam suas compras. Os principais produtos e mercadorias da época podiam ser encontrados nessa rua. Também próximo a ela existiam os famosos banhos públicos, com latrinas construídas lado a lado. O que deveria ser uma situação bastante constrangedora. Consegue imaginar? Segundo um guia local, os escravos sentavam antes para esquentar a pedra da latrina para em seguida os ricos a usarem.
Ao longo do tempo, grandes nomes da história desfilaram pela cidade, como Alexandre, o Grande, Cleópatra, São Paulo, São João e a Virgem Maria, mãe de Jesus Cristo. Vale acrescentar que foi em Éfeso a primeira igreja construída em homenagem a Santa Maria.
Entre terremotos e invasões, a cidade foi reconstruída quatro vezes. O declínio da cidade de Éfeso se deu devido ao assoreamento do porto, que era artificial e mantido através de dragagem. Hoje, o Mar Egeu fica a cinco quilômetros de distância.
Não é necessário um olhar de especialista para perceber que Éfeso foi esculpida a mão, retrato do talento dos povos antigos e destino imperdível para os turistas que gostam de conciliar história em sua viagens.
A Casa da Virgem Maria
Está nos arredores de Éfeso, mais precisamente a oito quilômetros do centro do sítio arqueológico, na Colina de Bullbul-dag (Colina do Rouxinol), um lugar sagrado para cristãos e muçulmanos, a casa onde teria vivido seus últimos nove anos de vida a Virgem Maria, mãe de Jesus.
Segundo a Bíblia, quando foi pregado na cruz, Jesus olhou para sua mãe e perto dela estava o apóstolo São João Evangelista.
Dirigindo-se a Maria, disse: “Mulher, eis aí o teu filho!”, e voltando-se para João, falou: “Eis a tua mãe!”. Depois da morte de Jesus, o discípulo levou Maria para sua casa.
A partir de então, João cuidou de Maria até a morte dela, aos 61 anos, ou seja, 13 anos e dois meses depois da crucificação de Cristo. Preocupado em proteger Maria, já que muitos cristãos estavam sendo assassinados pelos romanos após a morte de Jesus, o discípulo amado de Cristo levou a Virgem Maria para Éfeso. Embora João tenha vivido na cidade, onde escreveu seu evangelho e pregou o cristianismo, Maria não permaneceu na cidade por muito tempo. O discípulo achou mais seguro construir uma casa nas redondezas da cidade.
A versão de Maria morando nos arredores de Éfeso ganhou força no século 19, mais precisamente em 1842, ano da publicação, em Munique, dos apontamentos do poeta alemão Clemont Brentano sobre as visões da alemã Katharina Emmerick – beata que sofria com os estigmas de Cristo e viveu parte de sua vida em uma cama, encontrando conforto nas visões que tinha sobre a vida da Virgem Maria. O livro A vida da Virgem Maria segundo as revelações de Anna Katharina Emmerick, publicado após a morte de Clemont, relata com precisão detalhes da forma e localização da casa onde teria vivido Nossa Senhora, como se percebe em trechos do seu último capítulo:
“Maria não vivia em Éfeso, mas sim nos arredores (…) A casa se situava no topo de uma montanha, do lado esquerdo de uma estrada que vem de Jerusalém, a cerca de três léguas de Éfeso. (…) Apenas a casa de Maria era de pedra.”
Em 1891, dois padres vicentinos do colégio francês de Esmirna, seguindo as afirmações e orientações das visões da beata descritas no livro, descobrem as ruínas da casa de Maria. Um ano depois, uma comissão de inquérito formada por autoridades da diocese de Esmirna, após a realização de diversas inspeções, decretou a autenticidade da descoberta da casa de Maria, reconhecendo semelhanças inquestionáveis entre as descrições de Emmerick e a edificação redescoberta.
Hoje, a casa de pedra – pequena, rústica e modesta – é chamada de Santuário de Meryemana (A Casa de Maria). Local de silêncio, oração e reflexão. O lugar é tão místico que é difícil descrever com palavras a energia do lugar.
GRÉCIA e o sagrado: as relações entre o humano e o divino
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